Escrevo como quem busca o ar.
A cada palavra escolhida, inspira.
A cada frase terminada, expira.
Quando o paragrafo fica pronto,
É sinal de que o ar preencheu
Cada alvéolo pulmonar.
Meu corpo luta contra o medo de morrer,
Que aparece na falta de ar
E no sufocamento que sinto quando deito.
Medo maior não é morrer de falta de ar,
Porque as palavras sobram.
Horror é virar zumbi.
Ser devorada pela gula de um morto-vivo e
Me tornar Devoradora de desejos alheios,
Assujeitada a uma ansia devoradora sem fim.
Para citar o texto: ACCIOLY, A. (2024) Cura com palavras. Em: www.alineaccioly.com.br
