Glória

Glória é uma mulher de cinquenta e oito anos que busca por diversão e sexo todas as noites após o longo e solitário dia de trabalho. Seus filhos já são adultos, com suas próprias questões pessoais, o que nos permite saborear um roteiro focado na vida de uma mulher que enfrenta o etarismo e seus impasses.

Um dos maiores efeitos da luta feminista na vida de mulheres é a solidão. Quanto mais uma mulher não cede às conformidades estruturais supostas ao papel de gênero, mais ela se torna, por decisão e falta de opção, sozinha. Há um hiato temporal que não sabemos em qual momento vai diminuir o abismo que há entre as condições para o amor entre homens e mulheres. As mulheres evoluíram na sua política, economia, mas os homens seguem se apoiando na estrutura que nunca foi feita para propiciar encontros amorosos. 

Não há amor que sobreviva a disputas de poder, alienação forçada e submissão a papeis de gênero. Logo, o amor e o sexo com liberdade nunca foram questões para as mulheres. Assim, assistir um roteiro que privilegia a quebra de mitos acerca de sexualidade de uma mulher de cinquenta e oito anos é um respiro para todas nós.

Glória está no mubi.

Para citar o texto: ACCIOLY, A. (2024) Glória. Em: www.alineaccioly.com.br

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