Avisto a mesma paisagem de outrora:
As luzes dos raios solares
beijando a superfície da água
E o vento espalhando o amor desse encontro
que brilha por toda região das águas.
Mas hoje
as profundezas escavam passagem
na borda dos meus globos oculares
marcando com sombra cada passo conquistado,
cada milímetro percorrido,
cada lágrima secada
antes mesmo de nascer em conta gotas.
Os olhos saltam,
evidenciados pelo vão recém cavado.
A íris não esconde mais a opacidade,
o vazio, a solidão,
a presença da ausência.
Ninguém escuta
o grito silencioso da vida que jaz
foracluída,
discretamente vivida no muro,
a beira do abismo secreto
tão ordinário que fez-se inominável
até para esta que vos escreve.
Sempre um passo atrás,
Sempre um quase,
Sempre à beira,
Monólogo solitário
Avista.
Para citar o texto: ACCIOLY, A. (2024) A vista. Em: www.alineaccioly.com.br
